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Estilos de liderança




Entre em qualquer livraria, ou procure no Google: “como liderar pessoas?”. Ou, melhor, busque por “como ser um ótimo líder”. Se você já fez isso, aposto que encontrou uma chuva de artigos, cursos e gurus prometendo respostas. Mas se você buscar por “o que um líder deve fazer”, aposto que o escopo de respostas será menor, talvez resumida a uma: dar resultados.


Então, sabemos o destino, mas o caminho para chegar lá aparentemente não é claro. Fato é que o líder é uma pessoa, e como todas as pessoas do mundo, tem personalidade e hábitos. Esse contexto de vida aplicado ao dia a dia do trabalho pode ser agrupado em alguns tipos específicos de liderança, que foram detalhados neste artigo da HBR.


Os seis estilos de liderança foram obtidos a partir de entrevistas com mais de 3 mil executivos em todo o mundo. Neste post, traremos um resumo destes tipos de liderança, e seus impactos na equipe e nos resultados da organização.


Fonte: adaptado do artigo HBR "Leadership That Gets Results"
Fonte: adaptado do artigo HBR "Leadership That Gets Results"

Estilo Coercitivo


Ainda sem detalhar todos os seis estilos, você pode concluir, corretamente, que o estilo coercitivo é o menos efetivo na maioria dos cenários. Contudo, esse estilo tem um papel fundamental em momentos críticos de crise.


Em momentos de crise, é necessário ter pulso firme, tomar decisões pouco populares e até mesmos suprimir algumas opiniões e manifestações contrárias em prol da sobrevivência.


Os casos de conflitos sérios também necessitam deste estilo de liderança, pois é preciso tomar ações rápidas e, novamente, pouco democráticas para resolver o problema, antes que ele tome proporções maiores.


Porém, se aplicado em outros cenários mais brandos, ou até mesmo manter o estilo após a conclusão do conflito ou do momento de crise, pode causar sérios problemas nas organizações. Os motivos são claros: falta flexibilidade, decisões não são feitas de forma colaborativa, pessoas não são mais ouvidas e tudo isso impacta no clima da empresa e até mesmo na capacidade de liderar.


Portanto, use o estilo coercitivo apenas como medida extrema para casos extremos. Usá-lo em outras situações, ou a longo prazo, pode causar grande estragos na organização.


Estilo Autorizador


De todos os estilos, o autorizador é o mais efetivo quando se discute o aspecto de clima organizacional. A razão é a sua característica visionária, que motiva as pessoas criando clareza em seus objetivos, conectados com a visão organizacional.


As pessoas que trabalham com líderes que assumem esse estilo sabem que o que elas fazem importa, e o porquê. Por essa mesma razão, esses líderes maximizam o comprometimento das pessoas com a organização e seus objetivos e estratégia.


Quando o líder autorizador delega uma atividade, ou até mesmo dá um feedback, sempre utiliza a visão da empresa como base para entender se aquilo aproxima ou afasta do objetivo geral da organização. Além disso, dão liberdade para pessoas inovarem, experimentarem e assumirem riscos calculados.


Existem alguns cenários, no entanto, que esta liderança não é eficaz. Por exemplo, quando ela trabalha com pares mais experientes que ela, que podem a considerar visionária demais, e talvez distante da realidade. Ou, ainda, caso a liderança autorizadora acaba se tornando arrogante, pode acabar contaminando o espírito da equipe negativamente. Mesmo assim, é um estilo de liderança que deve ser utilizado com frequência.


Estilo Afiliativo


O líder afiliativo tem uma característica clara: as pessoas em primeiro lugar. Neste sentido, as emoções e prioridades das pessoas vêm antes de suas tarefas e objetivos.


Essa liderança luta para manter as pessoas felizes e criar harmonia entre elas. Causa um efeito positivo em suas comunicações, e constrói relacionamentos emocionais fortes com sua equipe. Tem um forte senso de reconhecimento, e seus feedbacks potencializam o ambiente positivo de trabalho.


Apesar de seus benefícios e de criar fortes relações no trabalho com as pessoas, este estilo pode ter efeitos colaterais, como, por exemplo, tolerância a comportamentos ruins e performances baixas. E como líderes afiliativos raramente trazem feedbacks construtivos (trazem, geralmente, feedbacks positivos), força com que as pessoas tenham que descobrir sozinhas como melhorar.


Uma das alternativas para potencializar o uso desse estilo é combiná-lo com outros, como, por exemplo, o autorizador. Enquanto o autorizador reforça a visão, padrões e explica para as pessoas o que fazer para chegar lá, o afiliativo nutre sentimentos bons e cria uma abordagem construtiva, que gera uma boa combinação.


Estilo Democrático


A princípio, o estilo democrático pode parecer o mais versátil e, talvez, um dos mais utilizados ao longo do dia de quem lidera equipes. E há sentido nisso.


O líder democrático pede e escuta as opiniões das pessoas. Mais do que isso, cria confiança, respeito e comprometimento ao adotar ideias que são sugeridas, construindo também um senso de pertencimento. Mostram, ainda, flexibilidade e responsabilidade em suas ações, aumentando a moral da equipe, junto com um senso de realidade sobre o que pode ou não ser feito.


No entanto, seu uso constante pode causar impactos negativos no clima organizacional. Uma das razões são as intermináveis reuniões e encontros para chegar a um consenso, que pode não existir, o que acaba resultando, normalmente, em mais reuniões.


Seu uso também não é indicado em casos de decisões cruciais, pois o excesso de ideias e sugestões nesses momentos acabam causando confusão, uma percepção de falta de liderança e até mesmo causar conflitos.


Este estilo, portanto, deve ser utilizado em prol da própria liderança, quando há dúvida sobre um tema ou sobre o caminho a seguir. Nesses momentos, ouvir a equipe pode ajudar a dar clareza sobre o que fazer. No entanto, isso não é possível quando a equipe não possui habilidade ou maturidade para opinar sobre os assuntos que estão sendo discutidos.


Estilo Pacesetting


O pacesetting (em tradução literal, seria “o que estabelece o ritmo”) tem uma característica parecida, em partes, com o coercitivo. No entanto, analisando somente o currículo deste estilo de liderança, é difícil de notar: alta produtividade, alta competitividade, mantém elevados padrões para si mesmo, eleva os padrões do time e das entregas, obsessivo em melhorar suas marcas.


Apesar do currículo que impressiona, seu impacto, na prática, destrói o clima no trabalho. Isso porque esse estilo de liderança “atropela” sua equipe, e faz com que todos tenham que se sobrecarregar para manter o ritmo desse estilo de liderança. Outro ponto negativo é sua falta de clareza em suas expectativas, grande parte por ela mesma, a liderança, entender que manter aquele padrão elevado é normal e não precisa de detalhamento.


Seus feedbacks (quando ocorrem) são geralmente sobre pontos que a pessoa está performando mal. E sua presença é tão intensa que, quando essa liderança sai, os liderados se sentem sem direção, pois foram acostumados a seguir somente as regras do líder.


Então, quais os benefícios desse estilo de liderança? Ela funciona bem quando as pessoas são muito automotivadas, muito competentes e precisam de pouco direcionamento. Times muito especializados podem usufruir bem desse estilo de liderança. Mas, mesmo assim, o ideal é que seja usado em combinação com outros estilos.


Estilo Coach


De todos os estilos, este é o menos utilizado. Os motivos são sempre os mesmos: as lideranças estão muito ocupadas em entregar resultados, e sobra pouco tempo para desenvolver as equipes.


No entanto, o estilo coach é um dos que melhor impacta o clima organizacional, principalmente por estar focado no desenvolvimento profissional das pessoas, e não necessariamente focada em entregar tarefas imediatas.


Mesmo assim, esse estilo melhora resultados, por manter diálogo constante com o time, mostrar flexibilidade, por mostrar que se importa com as pessoas e seu futuro. Além disso, aplicam feedbacks construtivos, e comunicam suas expectativas e como isso está incluso na estratégia da empresa.


Por isso, funciona bem em equipes que sabem os pontos que precisam desenvolver, e querem melhorar sua performance. Em contraposição, equipes que são mais conservadoras quanto ao próprio desenvolvimento podem ter atrito com a liderança coach.


Conclusão


O estilo de cada pessoa pode dar a ela mais ou menos habilidade em determinados estilos de liderança. Contudo, é fundamental compreender o funcionamento dos estilos, bem como o momento em que cada um surte mais efeito. Além disso, a combinação de estilos é o que causa maior efeito positivo.


Para isso, é necessário primeiro compreender com profundidade quais características do seu perfil combinam com qual estilo de liderança. Após isso, você deve treinar os estilos que completam seu portfólio de liderança.


O importante é não estagnar em um único estilo, e estar atento aos momentos em que cada um deve ser melhor utilizado.




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