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Competências que compõem a inteligência emocional


Fonte: Freepik


“Liderar é uma arte”. Se você trabalha no mundo corporativo, já deve ter ouvido essa frase, ou até mesmo a repetido. Mas qual a razão dela existir? Um dos motivos pode ser porque é extremamente difícil replicar a habilidade artística em uma pessoa se ela “não nasceu para aquilo”. E também porque é comum ver pessoas extremamente inteligentes e qualificadas não prosperarem em posições de liderança, enquanto outras, aparentemente menos preparadas, avançam com facilidade nestes cargos.


Portanto, liderar é um dom? A resposta é: não. Contudo, a imagem que se tem de um líder com habilidades técnicas avançadas e um alto QI corresponde apenas à uma parte do que é efetivamente ser líder. Na verdade, ter habilidades técnicas e ser inteligente podem ser considerados requisitos necessários para assumir posições de liderança, mas há um elemento que define se alguém será um bom ou mau líder, e esse elemento é a inteligência emocional.


Este artigo apresentou um estudo com executivos por mais de um ano e meio, e conseguiu fazer bons avanços na caracterização das competências que compõem a inteligência emocional. Neste post, vamos repassar esses resultados.

A tabela abaixo apresenta um resumo das competências que caracterizam a inteligência emocional, e, na sequência, vamos apresentar o detalhe de cada uma delas.



Cinco componentes da inteligência emocional. Adaptado do artigo HBR “What makes a leader?”


Cinco componentes da inteligência emocional. Adaptado do artigo HBR “What makes a leader?”

Mas, antes, um alerta. Inteligência emocional é um assunto complexo, por envolver um lado do cérebro que é… emocional. Por isso, se após ler este post você entender que precisa trabalhar a inteligência emocional dos líderes da sua organização, não pense que uma palestra de duas horas, ou um curso com todos os líderes na sala, vá resolver. Essa é uma abordagem individual e longa: desconstruir gatilhos e emoções não é algo simples, porém com dedicação, comprometimento e treinamento, é possível.


Autoconsciência


Se houvesse uma ordem específica para as componentes da inteligência emocional, autoconsciência deveria vir em primeiro lugar. Afinal, como você pode reconhecer algo em alguém se não é capaz de se autoavaliar de forma correta?


Portanto, a autoconsciência é a compreensão profunda do seu próprio humor, emoções, forças, fraquezas, necessidades e os gatilhos para essas emoções. Pessoas que possuem essa competência não são extremamente críticas ou otimistas, e sim realistas e honestas em relação a si mesmas e aos outros. Também conseguem entender o impacto dos sentimentos em suas ações e decisões.


Para reconhecer essa competência nas pessoas, basta notar se alguém é habilidoso em se avaliar de forma realista. Estas pessoas também são capazes de falar claramente e de forma aberta sobre seus sentimentos e emoções e como isso pode impactar em seu trabalho.


Pessoas com essa competência também são identificadas em dois momentos chave: a contratação e avaliações de desempenho. Em contratações, são pessoas que respondem abertamente às perguntas “Me descreva um momento em que você falhou” ou “Me descreva suas fraquezas”. Já em processos de avaliação de desempenho, autoconscientes identificam seus pontos de melhoria com uma visão de crítica construtiva. Por se conhecerem com clareza, é comum que essas pessoas tenham traço forte de autoconfiança. Por fim, são pessoas que podem apresentar um senso de humor auto depreciativo.


Autogestão


Nós agimos de acordo com nossas emoções. É biologicamente impossível de evitar emoções, uma vez que são reguladas por partes do nosso corpo de forma irracional. Contudo, há pessoas que sabem controlar e gerenciar bem seus efeitos, os que apresentam autogestão.


Essa característica é particularmente importante para líderes, pois permite que eles controlem os impulsos emocionais que sentem após gatilhos específicos, e transpareçam reações razoáveis. Isso cria um ambiente de confiança e justiça, uma vez que os demais esperam um comportamento e reações moderadas e comedidas daquela liderança.


Além disso, em um cenário de mudanças tão intensas (provocadas às vezes de forma voluntária, mas também ocorrendo de forma involuntária), lideranças com capacidade de autogestão conseguem equilibrar o ambiente, acalmar o sentimento de “pânico” causado pelas mudanças, e conduzir as pessoas, e a organização, pelo processo de adaptação de forma mais coordenada.

Portanto, pessoas com autogestão se sentem confortáveis em ambientes de mudança, e são pessoas que tem propensão a ficarem mais reflexivas e pensativas sobre os assuntos difíceis.


Motivação


Alguém consegue projetar um líder sem motivação? Se existe uma pessoa que está em uma posição de liderar outras pessoas, e não tem motivação, provavelmente não deveria estar lá.

Motivação é a competência que permite líderes irem além das expectativas, deles mesmos e dos demais. E não somente ir além, sem propósito. A motivação está conectada com um objetivo, e com seu atingimento. E, novamente, para ser claro, objetivo aqui como algo mais amplo, relacionado a uma meta, um propósito, e não somente algo pontual (como uma promoção ou um aumento de salário).


Essas pessoas são facilmente identificadas: buscam aprender continuamente, buscam serem desafiadas, e se orgulham de fazer um bom trabalho. Sua motivação permite que analisem os problemas por múltiplas perspectivas, e explorem novos caminhos e soluções. O foco é ir além do esperado, e sempre “subir a régua”. E quando estão em situações adversas, mantêm o otimismo e encaram o processo como um desafio e um aprendizado.


Empatia


Todos já nos deparamos com aquela liderança que parece uma professora, ou uma amiga. E também rapidamente notamos quando essa característica não está presente na pessoa que está nos liderando.

Essa componente da inteligência emocional é a empatia. E empatia, no contexto de liderança, não significa querer agradar a todos (além de impossível, causa mais efeitos negativos que positivos). Em empresas, ser empático é considerar que as pessoas têm emoções e sentimentos, e levar isso em consideração no momento de tomar decisões.


Em um contexto em que pessoas talentosas deixam as empresas principalmente por conta de suas lideranças, dominar a competência da empatia é um fator de retenção e manutenção de times.

Contudo, em um cenário de crise e competição acirrada, empatia não parece ser a preocupação número um das diretorias de empresas. Porém, se utilizada da maneira correta, ou seja, se considerada como uma vertical na tomada de decisões estratégicas, é uma componente muito poderosa para a liderança.


Habilidades Sociais


Habilidades sociais, pelo menos no Brasil, são comumente confundidas com habilidade de organizar e participar de eventos pós-trabalho (leia-se happyhours). Não que esta não seja uma habilidade, porém, neste contexto de inteligência emocional, habilidade social é conduzir pessoas para um objetivo por meio da construção de conexões e relacionamentos.


Pessoas com essa habilidade possuem um círculo de contatos amplo, e conseguem criar conexões rapidamente. Não significa que fazem isso a todo momento, mas sempre que precisam cumprir algo importante, sabem como mobilizar pessoas neste sentido.


Dificilmente alguém vai desenvolver a competência de habilidade social se não conseguir, em um nível mínimo, operar as outras competências. Pessoas que conhecem e dominam suas emoções, conseguem se conectar mais facilmente com outras. Pessoas motivadas, com energias positivas, e que são empáticas, tornam-se populares e desejadas em círculos sociais.


Conclusão


Assim como os diferentes tipos de liderança, inteligência emocional sozinha não é a única caracterização de líderes. Como já falamos, é importante desenvolver as habilidades técnicas e também ter um raciocínio rápido e analítico.


Mas habilidades e QI, combinadas com inteligência emocional, produzem líderes que estão acima da média. Ponto positivo também é que, assim como habilidades e QI, treino e prática (e muita consistência) são capazes de desenvolver inteligência emocional. Não é uma jornada simples ou fácil, mas os resultados compensam.

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